Dias de frio

Foi em Buenos Aires que aprendi a gostar do inverno. Antes de morar lá durante 06 meses, meu ódio por esta estação do ano era grande, apesar de extremamente friorenta (durmo de edredon o ano inteiro) não consigo dormir de pijama comprido, usar duas calças nem pensar, mt menos meia calça por baixo do uniforme ou do jeans, me deixava com mais frio, parei de fumar (concordo que o frio tenha sido bom comigo neste aspecto) pq não tinha coragem de tirar minha mão da luva ou do bolso pra acender um cigarro e claro, por sentir mt frio, acabava colocando todas as blusas que eu tinha pra não passar frio e saia de casa das maneiras mais horrendas possíveis e com as roupas mais velhas, afinal, não comprava roupa de inverno com frequência já por não gostar dessa época do ano.

Chegamos na capital argentina em agosto/08, enfrentamos pelo menos 02 meses de frio intenso e 01 de temperaturas baixas, mas já mais agradáveis, a chamada meia estação. Lá eu senti o que é frio de verdade e como os dias frios e cinzas se tornam bonitos e bucólicos! Lá eu não tinha preguiça de sair de casa, os dias, por mais gelados que fossem, tinham que ser vividos com intensidade, tinham que ser vistos com outros olhos e assim eu fui mudando meu conceito sobre o inverno.

Renovei meu guarda-roupa e passei a gostar de sair bonita pro vento gélido que me esperava fora do aconchego da minha casa. Aprendi com as argentinas que o frio é chique, que os lenços embelezam, que as botas protegem e que ambos esquentam. Aprendi a admirar uma tarde escura e as manhãs, que apesar do sol, eram friiias de bater o queixo... aliás, essa é a lembrança mais feliz que eu tenho dos meses que passei em terras argentinas... acordar às 8 hr da manhã, ligar a tv pra conferir a temperatura que fazia na rua, pegar minha jaqueta, meu MP4 e ir caminhando até meu curso de espanhol (umas 13 quadras), aproveitando o sol da manhã, admirando aquele dia lindo que estava por começar, lembrar da saudade que eu sentia de todos aqui no Brasil e cantar, mesmo que pra mim, a felicidade que eu sentia naquelas horas, a empolgação que percorria meu corpo por tudo o que estava acontecendo comigo.

Lembro com saudade daqueles meses, guardo com carinho o que vivi e aprendi lá... mas não consigo olhar os dias frios daqui, com o mesmo amor que olhava os de lá!

Mi Buenos Aires querida!