segunda-feira, 18 de maio de 2009

Revolta

Homem, 57 anos (quase 58), fumante compulsivo, separado, pai de duas filhas. Solitário, mora sozinho, longe da sua família. Um cidadão como qualquer outro, nem mais nem menos, nem bom nem mal. Extremamente sociável, tem como passatempo as orquídeas e para sua felicidade, faz disso seu trabalho.
Segunda-feira, 17:15 hrs, este pacato senhor sai de sua casa para um passeio, andar na rua e trocar algumas palavras com algum vizinho que esteja no seu quintal. Não consegue nem trancar seu portão, quando é surpreendido por dois indivíduos e uma arma. É rendido em sua própria casa, amarrado e amordaçado. Impotente e sob ameaças de levar um tiro, olha dois estranhos levarem seus pertences, um a um... todas suas roupas, alguns eletrônicos, o carro, sua dignidade, sua masculinidade. Em pouco mais de 40 minutos, o que resta é o medo, o sentimento de impotência (novamente), a raiva.
Num bairro, considerado nobre em uma megalópole, ninguém viu... nenhum vizinho, o guarda que deveria cuidar da rua e dos seus moradores... nada! A vida passa a significar nada, a violência bate na porta de quem menos se espera e nada se pode fazer. NADA!!!
A vítima se chama Antônio Carlos Mueller e é meu pai! E eu me sinto muito mais impotente por não poder fazer nada por ele e sinto raiva dessa violência que nos assola e ninguém toma atitude.
**E a tv mostra (CQC) deputados que não sabem de quanto é o salário mínimo no Brasil e nem o que significa FGTS... onde vamos parar?***

4 comentários:

Jana disse...

Nikki, que historia triste. Sinto muito pelo que aconteceu com teu pai, com tua familia e, talvez mais diretamente do que a gente imagina, contigo.

Nao suporto nenhum tipo de violencia e realmente acho que o Brasil nao tem mais jeito. O povo se acostumou, sabe? Se acostumou com a corrupcao, com a violencia, com o medo, como se fosse algo normal, que tivesse de ser aceito, "porque estamos no Brasil".

Muito triste, de verdade. Ninguem tem o direito de pegar nada de ninguem. Fico com muita raiva de mim mesma por nao poder fazer muito. Queria poder ajudar, mudar o mundo, sonhar mais alto!

Sarah Westphal disse...

Que revolta monike. Um pai rendido em casa, vendo tudo que ele trabalhou para conseguir indo embora. Eu sinto muito, muito mesmo.
Um beijão,
Sarah

Eu que adoro comida disse...

eu tenho medo disso =(

Cau Bartholo disse...

Oi Nikki, prazer!!!
Quanto ao fato, sinto muito por você. Dê graças que ele está vivo e você pode ajudar ele a se reerguer, como pai amado.
Uma vez aconteceu um desses fatos de violência com o meu pai também... quando ele entrava no carro depois de sair de um restaurante, 2 sujeitos entraram no carro junto com ele, e o renderam, queriam levar ele e o carro, e foi aquele tormento. Na confusão 1 dos bandidos atirou no meu pai, e ainda queriam levar ele baleado, meu pai disse: ah seus filha da p... agora vcs nao vão levar porra nenhuma. E os bandidos sairam, meu pai foi até uma festa onde eu estava tocando e disse: filha me leva pro hospital, fui assaltado e levei 1 tiro.
Resumindo, ficou tudo bem com ele, eu o ajudei, a família o ajudou, Deus então nem se fala.
Mas a violência é realmente revoltante! A gente perde a sensibilidade!

beijos até.